A Declaração
A nossa Declaração da Rede para a Equidade no Conhecimento espelha o nosso compromisso e aspirações para com a redução das desigualdades através do aumento do acesso ao conhecimento.
A Declaração define uma estrutura para que uma rede diversificada possa operar em espaços virtuais e físicos. Define princípios claros para ajudar a impulsionar um acesso mais justo e livre ao conhecimento, e evidência o empenho coletivo dos seus signatários em ter um impacto positivo.
Declaração para Equidade no Conhecimento
O nosso planeta enfrenta desafios sem precedentes, incluindo mudanças climáticas, instabilidade económica, desigualdade, pobreza e deslocações forçadas de populações, que ameaçam a saúde e o bem-estar da Humanidade. A educação superior ocupa uma posição de vanguarda na resolução destes problemas complexos. Para avançar de facto, devemos continuar a desenvolver uma abordagem aberta, colaborativa, trabalhando como uma comunidade global e continuando a reafirmar o objetivo fundamental da educação superior: melhorar o mundo para benefício de todos.
Parcerias efetivas globais, que fomentam o acesso justo e livre a uma educação de qualidade para todas e para todos, contribuirão para a redução das desigualdades no mundo. A colaboração na investigação e disseminação de livre acesso conduzirão a novas ideias e descobertas que ajudarão a resolver desafios como as mudanças climáticas, a pobreza, a produção de energia sustentável, a manutenção e o reforço das formas de governação ética e dos direitos humanos, atingindo desta forma uma alta qualidade de vida, em geral.
Queremos reafirmar as importantes funções que a educação superior desempenha na sociedade e vamos esforçar-nos por fomentar uma cultura e um ambiente abertos e colaborativos, necessários para fazermos uma diferença profunda no mundo.
A Rede para a Equidade no Conhecimento irá criar uma comunidade de estudantes, profissionais e inovadores para impulsionar o acesso ao conhecimento de forma livre e equitativa. Acreditamos que, através do poder do conhecimento, seremos capazes de reduzir as desigualdades e que a criatividade intercultural coletiva é crucial para gerar a liderança e as soluções necessárias para enfrentar os desafios globais. Vamos empenhar-nos na equidade e livre acesso para todas e para todos e recomendamos vários princípios para tornar esta ambição possível.
Os nossos princípios são:
Universalidade: O sistema de educação superior está ao serviço da Humanidade, educando os profissionais e líderes de amanhã, enriquecendo culturas, melhorando a saúde e o bem-estar e impulsionando a inovação e o empreendedorismo.
Colaboração: Deve dar-se prioridade à colaboração em detrimento da competição, trabalhando para conseguir alianças inclusivas e transdisciplinares, com generosidade e compaixão.
Inclusividade: Todos os possíveis beneficiários de uma educação superior, e do conhecimento que esta gera, devem ser tidos em conta, possibilitando práticas que oferecem um acesso igualitário e justo para todas e para todos com resultados equitativos.
Sustentabilidade: Estas práticas devem ser levadas a cabo de forma sustentável para os prestadores, financiadores e participantes.
Reconhecemos que muitas instituições, entidades financiadoras, editoras, organizações, networks e indivíduos estão já a encorajar a melhoria de práticas para apoiar diferentes aspetos de acessibilidade e equidade no conhecimento. O nosso objetivo é partilhar e construir a partir dessas práticas, desenvolvendo uma abordagem global para o benefício de todas e de todos. Trabalhando com os signatários desta Declaração, conseguiremos mudar as abordagens à educação superior, à escala global, incluindo (mas não nos limitando a):
- a adoção de princípios de boa governação (por exemplo, coesão, livre acesso, participação, eficácia e responsabilização);
- uma abordagem coesa para melhorar a equidade, a diversidade e a inclusão;
- uma postura de distanciamento dos rankings centrados na competição;
- um aumento dos esforços de colaboração para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU;
- um compromisso total com a publicação e as práticas educativas de livre acesso;
- um aumento significativo no design e na produção, de forma colaborativa, da investigação e da educação de base científica, entre o Norte Global e o Sul Global; e
- a tomada em consideração das características demográficas dos aprendentes que refletem as nossas populações locais e globais.
Os signatários da Declaração da Rede para a Equidade no Conhecimento apoiam a adoção das seguintes práticas:
Recomendações gerais
- O sistema de educação superior deve criar uma cultura e um ambiente que permitem o acesso livre e equitativo tanto à educação baseada na investigação como aos benefícios que advêm do conhecimento e inovação que resultam da Educação Superior.
- O sistema de educação superior deve colmatar ativamente as desigualdades (por exemplo, sociais, geográficas ou financeiras) que impedem ou limitam o livre acesso à educação superior.
- O sistema de educação superior deve afastar-se de um ambiente competitivo e empenhar-se em colaborações globais nas quais, ativamente, se procuram, celebram e recompensam as parcerias.
- O sistema de educação superior deve criar um ambiente que respeita e apoia todos os sistemas de conhecimento, reconhecendo sua importância e valor.
Para as Instituições de Educação Superior
- Publicar uma Declaração para a Equidade no Conhecimento em cada instituição até 2025, incorporando compromissos tangíveis, alinhados com os princípios e objetivos que se seguem.
- Comprometer-se a levar a cabo ações institucionais para apoiar um aumento contínuo da publicação de recursos educativos de acesso gratuito e livre, para serem utilizados e reutilizados por todas e por todos no ensino, na aprendizagem e na investigação.
- Comprometer-se a levar a cabo ações institucionais para apoiar o aumento contínuo de produtos de novas investigações que sejam transparentes e de acesso gratuito e livre, em conformidade com o que exigem as entidades financiadoras relevantes.
- Utilizar o livre acesso como critério explícito para a tomada de decisões de seleção, contratação, titularidade e promoção. Reconhecer e premiar práticas de livre acesso, tanto na investigação como na educação baseada na investigação, incluindo a importância da interdisciplinaridade e/ ou de atividades colaborativas, e o contributo de todos os indivíduos envolvidos nas atividades.
- Definir objetivos de Equidade, Diversidade e Inclusão que contribuem para uma educação superior de livre acesso e inclusiva, assim como informar anualmente sobre o progresso feito em relação a estes objetivos.
- Criar novos mecanismos nas e entre instituições de educação superior tornando-as mais acessíveis e diversificadas socialmente para os estudantes e para os colaboradores.
- Rever a infraestrutura de apoio à educação superior de livre acesso e investir na infraestrutura humana, técnica e digital necessária para que a educação superior de livre acesso seja bem-sucedida.
- Promover o uso dos princípios de interoperabilidade de livre acesso para qualquer software/ sistema de investigação e educação que se adquira ou se desenvolva, destacando explicitamente a opção de fazer todo ou parte do conhecimento acessível ao público.
- Assegurar que todos os dados de investigação cumprem os princípios do uso justo de FAIR data (iniciais da sigla em Inglês): fáceis de encontrar, acessíveis, interoperáveis e reutilizáveis.
Para as entidades financiadoras
- Publicar um comunicado afirmando que a disseminação, de livre acesso, dos resultados de investigação é uma componente essencial para avaliar a produtividade e a integridade da investigação.
- Incluir as práticas de investigação de livre acesso nos critérios de avaliação de propostas de financiamento.
- Fomentar a adoção da investigação de livre acesso através de políticas, estruturas e mandatos que requerem o livre acesso a publicações, dados e outros resultados, com licenças o mais abertas possível permitindo a sua máxima reutilização.
- Pôr em prática, ativamente, sistemas de financiamento para apoiar as infraestruturas e a disseminação, de livre acesso, dos resultados da investigação, recursos educativos e dados subjacentes.
- Definir explicitamente mecanismos de recompensa e reconhecimento profissional para recursos educativos de livre acesso que beneficiam a sociedade e que tenham sido coproduzidos e difundidos globalmente.
Para editoras e fornecedores
- Garantir a disponibilidade de canais editoriais equitativos e transparentes para a rápida publicação de resultados de investigação de livre acesso.
- Assegurar-se que os recursos educativos de livre acesso podem ser partilhados livremente com licenças abertas que facilitam o uso, a revisão, a tradução, o melhoramento e a partilha por qualquer pessoa.
- Assegurar-se que os recursos são publicados em formatos que facilitam tanto o uso como a edição e que se adaptam a diversas plataformas técnicas.
- Assegurar-se que os recursos de livre acesso estão também disponíveis em formatos que são acessíveis para pessoas com deficiência ou pessoas sem acesso à Internet.
- Incluir e destacar ativamente os recursos de livre acesso nos repositórios de recursos.
- Conceber plataformas digitais com a partilha e APIs de livre acesso como princípio de design.
Para indivíduos, organizações e networks
- Defender os benefícios do livre acesso e da equidade do conhecimento a nível institucional, sectorial, cultural e entre pares.
- Na tomada de decisões sobre financiamento, seleção, contratação, titularidade e promoção, assegurar-se de que são devidamente tidas em conta as contribuições que promovem o livre acesso e a equidade do conhecimento.
- Assegurar-se de que a totalidade dos resultados da investigação são depositados, de forma acessível, numa plataforma com um nível de acesso tão aberto quanto possível (equivalente a CC BY de Creative Commons), melhorando o acesso e o impacto do produto da investigação.
- Assegurar-se de que todos os dados de investigação cumprem os princípios de uso justo de FAIR[1] data (iniciais das siglas em Inglês): fáceis de encontrar, acessíveis, interoperáveis e reutilizáveis.
- Adotar práticas educativas alicerçadas em colaboração, descoberta e criação de conhecimento, incentivando colegas a participar.
[1] https://www.force11.org/group/fairgroup/fairprinciples
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